Quando somos crianças, as férias parecem durar uma eternidade. Já quando adultos, um ano passa tão rápido que às vezes parece que “piscamos” e já é dezembro de novo.
Mas por que isso acontece? Será que o tempo realmente acelera?
A resposta é não — o tempo não muda, quem muda somos nós e o nosso cérebro.
A sensação de que tudo está passando mais depressa é um fenômeno estudado por psicólogos e neurocientistas, e envolve memória, atenção e até a forma como o cérebro registra novas experiências.
1. O cérebro registra menos novidades com o passar dos anos
O cérebro percebe o tempo de acordo com a quantidade de informações novas que ele precisa processar.
- Na infância: tudo é novo. A primeira vez que você anda de bicicleta, vai à escola, viaja, aprende algo, sente medo, faz amigos. O cérebro trabalha no “modo turbo”.
- Na vida adulta: a rotina domina. Você acorda, trabalha, estuda, repete tarefas. Pouca novidade = menos registros.
Quando há poucos acontecimentos novos, o cérebro cria menos memórias marcantes, e isso faz com que aquele período pareça ter “passado rápido” quando você olha para trás.
É por isso que um ano de criança parece enorme, enquanto um ano adulto parece minúsculo.
2. Cada ano representa uma fração menor da sua vida
Essa explicação é simples e poderosa.
- Para uma criança de 10 anos, 1 ano representa 10% da vida inteira.
- Para um adulto de 40, 1 ano representa só 2,5% da vida.
Ou seja: quanto mais velhos ficamos, menor é a proporção que um ano ocupa dentro de toda nossa experiência.
Por isso o cérebro interpreta esse período como “mais curto”.
É como comparar um copo cheio com um galão enorme. A mesma quantidade de água parece menor no galão.
3. A rotina comprime o tempo
O cérebro tem um truque: ele registra com muito mais detalhes aquilo que sai do padrão.
Quando tudo está igual, ele compacta as memórias automaticamente.
É como uma pasta .zip do cotidiano.
Por isso, semanas ocupadas com tarefas repetitivas — escola, trabalho, obrigações — parecem sumir sem deixar rastro.
Já quando algo diferente acontece, como uma viagem ou um evento novo, o tempo parece “esticar”, porque o cérebro está criando memórias mais detalhadas.
4. A atenção diminui com a idade
Crianças prestam atenção em tudo: sons, cores, pessoas, objetos, cheiros.
Cada microdetalhe vira registro.
Adultos, por outro lado, vivem no modo automático:
- atravessam ruas sem notar a paisagem,
- dirigem sem lembrar do trajeto,
- fazem tarefas enquanto pensam em outra coisa.
Menos atenção = menos lembranças = sensação de tempo mais curto.
5. A percepção interna do corpo muda
Conforme envelhecemos, nossa “velocidade interna” — o ritmo com que o cérebro organiza pensamentos — fica mais rápida e eficiente.
O resultado é que o mundo externo parece estar correndo junto.
Já reparou que os dias parecem mais curtos quando você está com a mente cheia?
Para adultos, isso é praticamente constante.
Como “desacelerar” a percepção do tempo?
Mesmo sendo natural, existem formas de “alongar” a sensação do tempo:
- aprender coisas novas,
- viajar para lugares diferentes,
- quebrar a rotina,
- praticar atenção plena (mindfulness),
- criar novos hábitos,
- conhecer novas pessoas.
Tudo que adiciona novidade faz o cérebro registrar o momento de forma mais rica — e isso estica a sensação temporal.
Resumo simples
O tempo parece passar mais rápido quando envelhecemos porque:
- vivemos menos novidades,
- cada ano é proporcionalmente menor na nossa vida,
- a rotina comprime nossas memórias,
- prestamos menos atenção,
- nosso cérebro fica mais rápido e automático.
O tempo não mudou — mas a forma como o cérebro o registra, sim.
Nota editorial
Este artigo faz parte do portal Cognos Space, um espaço de ideias, educação e reflexão, mantido pelo Colégio Cognos.
As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente o posicionamento institucional do colégio, mas contribuem para o debate e formação crítica dos leitores.
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