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Dias atrás, a Nasa, agência espacial dos EUA, deu dicas de que teria uma “empolgante nova descoberta sobre a Lua”. Na segunda-feira (26/10), a agência revelou evidências conclusivas da existência de água em nosso único satélite natural.
Esta “detecção inequívoca de água molecular” aumenta as esperanças da Nasa de estabelecer uma base lunar. A ideia é sustentar essa base aproveitando os recursos naturais da lua.
Os resultados foram publicados como dois artigos na revista científica Nature Astronomy.
Embora já tenha havido sinais de água na superfície lunar, essas novas descobertas sugerem que ela é mais abundante do que se pensava anteriormente. “Isso nos dá mais opções para fontes potenciais de água na Lua“, diz Hannah Sargeant, cientista espacial da Open University, na Inglaterra, à BBC News.
Ao contrário das detecções anteriores de água em partes que ficam em sombra permanente nas crateras lunares, os cientistas agora detectaram água em regiões iluminadas pelo sol.
“A quantidade de água é aproximadamente equivalente a uma garrafa de 350 ml de água em um metro cúbico de solo lunar“, disse um dos autores do estudo, o pesquisador Casey Honniball, do Centro Goddard de Voo Espacial, da Nasa, durante uma teleconferência virtual.
Jacob Bleacher, da diretoria de exploração espacial pelos humanos da Nasa, disse que os pesquisadores ainda precisam entender a natureza dos depósitos de água. Isso os ajudaria a determinar o quão acessíveis eles são para os futuros exploradores lunares usarem.
O local para colocar uma base lunar será escolhido tendo em mente onde a água está, explica Hannah Sargeant. Segundo a pesquisadora, o objetivo é desenvolver “uma maneira mais sustentável de fazer a exploração espacial”. E para isso é necessário o uso de recursos locais, especialmente a água, explica ela à BBC News.
A agência espacial dos EUA disse que enviará a primeira mulher e o próximo homem à superfície lunar em 2024 para se preparar para o “próximo salto gigante” — a exploração humana de Marte em 2030.
A primeira dessas novas descobertas foi feita a partir de um telescópio infravermelho conhecido como Sofia, transportado por avião. A bordo de um Boeing 747 modificado, esse telescópio voa acima de grande parte da atmosfera da Terra, dando uma visão amplamente desobstruída do Sistema Solar.
Usando este telescópio infravermelho, os pesquisadores identificaram a cor “característica” das moléculas de água.
Os pesquisadores acreditam que a água é armazenada em bolhas de vidro lunar ou entre grãos na superfície, que a protegem do ambiente hostil.
Em outro estudo, os cientistas haviam procurado áreas permanentemente sombreadas — conhecidas como armadilhas frias — onde a água podia ter sido capturada permanentemente.
Eles encontraram esse locais — onde a temperatura é de menos de 163 graus abaixo de zero — em ambos os pólos da Lua e concluíram que “aproximadamente 40 mil quilômetros quadrados da superfície lunar têm a capacidade de reter água“.
Sargeant diz que a nova descoberta pode “ampliar a lista de lugares onde podemos querer construir uma base“.
Existem algumas missões programadas para as regiões polares da Lua nos próximos anos, mas, no longo prazo, os planos são para construir uma habitação permanente na superfície lunar.
“A descoberta de água pode ter alguma influência. Nos dá algum tempo para fazer algumas investigações“, diz a pesquisadora da Open University.
“Nós iríamos de novo para a Lua de qualquer maneira. Mas a nova descoberta nos dá mais opções e torna a lua um lugar ainda mais emocionante para ir.”
Especialistas dizem que a água congelada pode formar a base de uma futura economia lunar, assim que descobrirmos como extraí-la.
Seria muito mais barato produzir combustível para foguetes na Lua do que enviá-lo da Terra. Portanto, quando futuros exploradores lunares quiserem retornar à Terra ou viajar para outros destinos, eles podem transformar a água em hidrogênio e oxigênio usados para alimentar veículos espaciais.
O reabastecimento na Lua poderia, portanto, reduzir o custo das viagens espaciais e tornar uma base lunar mais acessível.
(Por Victoria Gill, Correspondente de ciência da BBC News)
Fonte: BBC
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