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3 anos atrásem
As crianças de hoje são os profissionais de amanhã. Para a formação de pesquisadores no futuro, o tema precisa ser encarado com prazer e curiosidade pelos jovens. Então, é necessário despertar, desde cedo, o interesse nas disciplinas de ciências nos pequenos.
“Para a formação de cidadãos autônomos e críticos, capazes de entender e transformar o mundo, é fundamental que esses se apropriem dos conhecimentos e cultura produzidos pela sociedade e compreendam em que contexto foram produzidos. Ciência e tecnologia fazem parte do cotidiano”, analisa Janete Dubiaski da Silva, doutora em Ciências Biológicas e coordenadora do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Há um estigma de que a ciência é complicada demais para se aprender. Para a professora, isso pode ser quebrado mostrando às crianças que questões científicas e a tecnologia estão no nosso dia a dia. Para a especialista, isso se dá desde o entendimento dos fenômenos naturais mais básicos como dia e noite, estações do ano, fases da Lua, até a compreensão de como as vacinas são feitas, como funcionam no nosso corpo e como mudaram a humanidade.
“Por que há mais mosquitos nos lugares úmidos e quentes? Como a internet funciona e como as redes sociais podem modificar nossos comportamentos? Tudo isso pode ser explicado de uma maneira simples e leve. Esse é o papel do professor de Ciências”, reflete a coordenadora.
Com isso em mente, Dubiaski traz dicas para que os professores despertem o interesse nos alunos: “Primeiramente, sempre se atualize. Vale usar métodos e ferramentas que mostrem aos estudantes que a ciência e a tecnologia estão no cotidiano de nossas vidas e evitar o senso comum de que ciência é só para gênios“, afirma.
“Se houver laboratórios na escola, usá-los muito. Visitas planejadas a museus, parques de ciências, ambientes naturais e instituições científicas devem ser mais rotineiras. Trabalhar com metodologias de investigação no ensino de Ciências é fundamental — estimula a curiosidade, a criatividade e o prazer em resolver problemas“, acrescenta ela.
Questionada sobre as iniciativas que podem ser adotadas por escolas, a pesquisadora recomenda trabalhar mais com metodologias de investigação no ensino de Ciências, sair da sala de aula tradicional e do ensino tradicional em que o professor é o dono e centro do conhecimento. No lugar, é recomendável usar metodologias ativas que propiciem mais autonomia, curiosidade e mostrar o prazer da descoberta, além de fazer os estudantes se colocarem no centro da produção de seus conhecimentos.
Já no que diz respeito aos pais, Janete aposta no estímulo da curiosidade natural, criatividade e o contato com a natureza desde muito pequenos. “O ser humano é curioso e quer saber como as coisas funcionam naturalmente. Quem mata isso é, infelizmente, a própria família e, mais tarde, a escola. O contato com livros adequados à faixa etária é fundamental. Temos que ter prazer em ler para sabermos mais“, analisa a especialista.
“No contato com jogos (eletrônicos ou não), priorizar aqueles que levem ao entendimento da natureza e estimulem o raciocínio lógico. Levar os filhos a museus e exposições também deveria fazer parte da cultura familiar. No YouTube há vários canais e sites de ciências destinados para crianças. Dá trabalho, mas os pais precisam procurar e selecionar o que é mais adequado para o filho“, aconselha a coordenadora.
Justamente com a proposta de estreitar as relações entre o público infantil e a ciência, a NASA apostou em algumas iniciativas. Uma delas é o NASA Kids’ Club, que consiste em um lugar seguro para as crianças brincarem enquanto aprendem sobre a agência espacial e suas missões. É um site com jogos de vários níveis de habilidade para crianças do pré até a 4ª série. A própria organização explica que os jogos atendem aos padrões dos EUA de educação em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática).
Enquanto isso, o NASA Kids’ Club Picture Show traz uma galeria de imagens da agência espacial, que podem ser usadas para iniciar uma conversa ou escrever instruções para conduzir as crianças em discussões sobre tópicos relacionados a STEM e eventos atuais. O site também conta com a apresentação de slides Now in Space, que apresenta os jovens exploradores à tripulação que orbita a Terra na Estação Espacial Internacional.
Já o NASA Space Place é outro site, focado exclusivamente em assuntos voltados para a astronomia. Lá, as crianças podem encontrar informações sobre o Sol, a Lua, o universo e o sistema solar. Também há alguns conteúdos destinados a pais e educadores. Outra iniciativa é o NASA STEM @ Home for Students, que traz ideias de experimentos científicos que podem ser feitos em casa e vídeos para assistir em família.
A Agência Espacial Europeia (ESA) também pensa no público infantil, por meio da iniciativa ESA Kids, que funciona basicamente com conteúdos, notícias e jogos voltados para crianças. O site também traz conteúdo e ideias para professores interessados em promover a ciência para seus alunos.
Quanto ao Brasil, de acordo com Dubiaski, as iniciativas voltadas para as crianças são isoladas. A especialista explica que existem, há décadas, em cidades de médio e pequeno porte, museus e parques de ciências, de origem governamental e, em especial, geridos por universidades. “São ótimas iniciativas, mas muito locais”, segundo ela.
“Considero o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e que se destina a todas as áreas de conhecimento, uma iniciativa federal mais ampla que aproxima a universidade da escola e melhora o ensino de Ciências, além de aprimorar a formação do professor de Ciências“, diz a professora.
Vale lembrar que, em 2020, a National Geopraphic lançou a plataforma Aprenda em Casa, com acesso online e gratuito. A ideia, como já falamos aqui no Canaltech, é que a plataforma traga conteúdo prático, educativo e divertido para conquistar os pequenos curiosos.
De acordo com a pesquisadora da PUCPR, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) júnior do CNPq também é outra iniciativa interessante para o ensino médio, mas já tem como finalidade descobrir talentos para a Ciência. “Infelizmente, houve sérios cortes de bolsas dos últimos anos para esses programas. O Brasil carece de programas em rede para melhorar o ensino de Ciências”, opina a especialista.
Artigo repostado do Canaltech, com informações de NASA (1, 2, 3), ESA, National Geographic
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