Quem nunca disse “só mais um pedacinho” e, de repente, percebeu que comeu a barra inteira de chocolate? Isso acontece porque certos alimentos ativam áreas do cérebro ligadas ao prazer e à recompensa, de um jeito muito parecido com o que ocorre em vícios.
Mas calma: gostar de doce não significa que você está “viciado” de verdade — embora o efeito seja, biologicamente, bem parecido.
O cérebro e o sistema de recompensa
Nosso cérebro possui uma região chamada sistema de recompensa, responsável por registrar tudo o que nos dá prazer — como comer, rir, se apaixonar ou ouvir música.
Quando comemos algo muito saboroso, esse sistema libera dopamina, um neurotransmissor que causa sensação de felicidade e satisfação.
O problema é que alimentos como açúcar, chocolate e comidas ultraprocessadas fazem isso de forma muito intensa e imediata, quase como um “curto-circuito” de prazer.
O cérebro, então, grava essa sensação e começa a pedir mais — o que explica a vontade de repetir o mesmo alimento várias vezes.
Açúcar: o combustível da dopamina
O açúcar é o principal gatilho desse mecanismo.
Quando você consome algo doce, o nível de glicose no sangue sobe rapidamente, e o cérebro reage liberando dopamina — é como se ele dissesse “isso é ótimo, faça de novo!”.
Com o tempo, se o consumo for frequente, o cérebro se acostuma ao estímulo e começa a precisar de mais açúcar para sentir o mesmo prazer.
Esse ciclo é muito parecido com o que acontece em vícios químicos leves.
O poder das combinações
O “vício alimentar” não vem só do açúcar.
Muitos alimentos industrializados misturam açúcar, gordura e sal em proporções que enganam o cérebro — é o que cientistas chamam de “ponto de felicidade” (bliss point).
Essa mistura ativa várias áreas cerebrais de recompensa ao mesmo tempo, tornando quase impossível parar de comer depois da primeira mordida.
E o chocolate?
O chocolate é um caso especial.
Além do açúcar, ele contém teobromina e feniletilamina, substâncias que também estimulam o cérebro e aumentam a sensação de prazer e relaxamento.
Por isso, comer chocolate pode até melhorar o humor temporariamente — e o cérebro acaba associando o alimento a conforto emocional.
O equilíbrio é o segredo
Apesar de o efeito ser semelhante a um vício, a boa notícia é que ele pode ser controlado.
Com o tempo e uma alimentação equilibrada, o cérebro readapta sua sensibilidade à dopamina, e a vontade de comer doce diminui naturalmente.
O importante é entender que a fome por esses alimentos nem sempre é física — muitas vezes é emocional ou química.
Em resumo:
Sentimos “vontade irresistível” por certos alimentos porque eles:
E são quimicamente formulados para causar esse efeito.
Ativam o sistema de recompensa do cérebro;
Liberam dopamina rapidamente, criando prazer intenso;
Podem gerar tolerância, levando a um ciclo de repetição;
Nota editorial
Este artigo faz parte do portal Cognos Space, um espaço de ideias, educação e reflexão, mantido pelo Colégio Cognos.
As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente o posicionamento institucional do colégio, mas contribuem para o debate e formação crítica dos leitores.
Conheça o Colégio Cognos: www.colegiocognos.com.br