Se você cresceu nos anos 80 ou 90, é bem fácil que tenha passado suas tardes de sábado nos parques de diversão dos shoppings, cheios de máquinas de fliperama e muitas outras atrações, sempre ao preço de uma moeda ou de um crédito do cartão de pontos.
Sem dúvidas, um daqueles brinquedos mais disputados pela garotada era o jogo da garra ou a máquina da garra e seus maravilhosos prêmios. A premissa era simples: com a ajuda de um Joystick você movimentava o aparato mecânico para praticamente qualquer lado, apertava um botão e torcia para que ele conseguisse pegar aquele brinde tão desejado.
O brinquedo tornou-se amplamente popular, pois, diferentemente das máquinas caça-níquel ou dos vários jogos de fliperama e pinball, o único adversário ou empecilho era a sua própria habilidade, tornando-se atraente pelo simples motivo de que qualquer um poderia ganhar. Bem, isso até agora. Como diz o bordão polarizado pelo comercial da tv: sabe de nada, inocente!
A verdade por trás da máquina da garra é tão suja e mesquinha quanto qualquer caça-níquel do melhor cassino de Las Vegas ou daquele boteco imundo da esquina.
Através de um sistema totalmente programável pelo dono do brinquedo, é possível calibrar a garra em si para trabalhar com toda força somente quando atingido uma quantia mínima para compensar o ganho do brinde.
Explico: imagine que um ursinho de pelúcia custe 10 reais e que um crédito (ou moeda) para brincar na máquina da garra custe 2 reais. A máquina seria programada, então, para somente trabalhar com toda a força apenas quando atingisse o mínimo de 6 créditos, por exemplo, o que equivaleria a 12 reais – lucro mínimo de 2 reais.
Isso significa que, antes do mínimo de 6 créditos, mesmo que você encaixe perfeitamente o dispositivo mecânico sobre o brinde, ele simplesmente não terá força suficiente para agarrá-lo. E não há como prever o momento exato em que a garra funcionará de verdade, pois o sistema é aleatório, o que gera ainda mais lucros.
Em alguns casos, o mecanismo é programado para agarrar o brinde e, na metade do caminho até o compartimento de retirada, ele simplesmente solta o prêmio, dando aquela sensação de que “foi por pouco”.