Há quem defina a vida como uma sucessão de decisões.
E, em quase todos os momentos, às vezes mesmo sem perceber, estamos fazendo escolhas, uma após a outra: qual roupa vestir, se atravessamos ou não a rua, se vamos a determinado lugar ou até o que pedimos para comer.
No entanto, para algumas pessoas, tomar uma decisão pode ser extremamente complexo e até angustiante.
E se tivermos de enfrentar uma decisão importante, pode ser difícil saber por onde começar.
“Algumas decisões são pequenas, como qual roupa vestir. Mas algumas dessas escolhas podem marcar nossas vidas por anos ou para sempre, como qual carreira seguir”, diz a médica Radha Modgil.
A especialista compartilhou com a BBC algumas dicas que podem nos ajudar a tomar decisões no cotidiano.
Segundo ela, há três elementos básicos que devemos levar em consideração quando nos sentimos indecisos.
1. Concentre-se no realmente importa
Ao eliminar pequenas escolhas, você economiza o melhor das habilidades do seu cérebro para as decisões mais importantes.
Quando era presidente dos Estados Unidos, Barack Obama decidiu parar de tomar uma decisão cotidiana: a escolha do que vestir.
“Era sempre um terno azul ou cinza, com uma camisa branca, porque ele conhecia a ciência por trás das decisões e, usando um tipo de uniforme, economizava energia para tomar decisões realmente importantes”, diz Mogdil.
Segundo a especialista, os cientistas que estudam o cérebro e descobriram que todas as decisões, grandes ou pequenas, consomem a mesma energia.
Ou seja, uma pequena escolha exige a mesma quantidade de energia que uma decisão importante.
“Então, quando você precisar tomar decisões realmente importantes, como em qual universidade se matricular ou se deve ou não mudar de emprego, tome cuidado para não desperdiçar energia com decisões que não trarão mudanças reais à sua vida”, sugere a médica.
“Guarde suas energias para coisas realmente importantes”, acrescenta.
2. Dê ao seu cérebro a ‘gasolina’ necessária
O cérebro precisa de energia para pensar, assim como o corpo exige energia para se movimentar.
Hoje, graças às novas tecnologias médicas, sabemos como o cérebro funciona — ele é o nosso órgão mais complexo e o que consome mais energia.
Se estamos com fome, os neurotransmissores não funcionam bem, o que afeta a comunicação entre os cerca de 86 milhões de neurônios que nosso cérebro possui.
“Isso compromete nossa capacidade de pensar e tomar decisões”, diz Mogdil.
“Portanto, este conselho é muito simples: quando você precisar tomar uma decisão importante, verifique se não está com fome”, acrescenta.
Pesquisas mostram que beber muita água e tomar um café da manhã com poucos carboidratos, mas com cereais ou aveia, pode nos ajudar a pensar com mais clareza.
Os produtos com ômega 3 também são um ótimo alimento para o nosso cérebro: ele é encontrado em alguns peixes e em sementes de abóbora ou girassol.
3. Fale sobre suas opções com um bom amigo
“O último conselho é abandonar a sensação de possível perda que domina sua tomada de decisões”, diz o especialista.
O economista Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia em 2002, passou décadas estudando a maneira pela qual os seres humanos tomam decisões. Ele descobriu que, nos momentos em que temos de fazer uma grande escolha, sentimos muito receio sobre o que podemos perder — e esse sentimento é maior que a motivação com os ganhos com a escolha.
De acordo com a pesquisa, é por isso que sempre tentamos escolher a opção mais segura em vez daquela que teria o maior impacto positivo em nossas vidas.
“Kahneman costumava dar uma recomendação muito interessante para superar esse medo da perda: pergunte a um amigo que seja honesto o suficiente para lhe dizer coisas que você talvez não queira ouvir”, lembra Mogdil.
A médica sugere que um amigo que seja objetivo em suas recomendações pode ajudá-lo a identificar a melhor decisão, principalmente porque eles não são influenciados pelo medo da perda que você pode ter.
“No final, a decisão será sempre sua, mas ajuda muito procurar esse tipo de conselho”, diz ela.
“Então, da próxima vez que você tomar uma decisão importante: liberte sua mente de decisões corriqueiras, dê ao cérebro uma ‘boa gasolina’ para fazê-lo funcionar e consulte um amigo que se preocupa mais com seu futuro do que com seus medos” conclui.