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Ciência

Tomar banho com água fria faz bem?

Nicole Rizzutti Lemos

Publicado

em

Tempo de Leitura: 5 minutos

Combater o estresse, ficar alerta e melhorar seu sistema imunológico.

E se você soubesse que existe uma maneira de atingir as três coisas em apenas um minuto?

Um minuto e, claro, um pouco de coragem.

Fique na beira de um lago, rio ou mar quando estiverem frios.

Se você não tiver a sorte de estar perto de qualquer um dos espaços acima, uma piscina, um chuveiro ou até mesmo uma mangueira servem.

Respire fundo, invoque sua força de vontade e… renda-se!

Deixe seu corpo sentir, de repente, a água fria.

Mas por que sofrer tanto quando a água quente é tão confortante?

Nadar em água fria está virando moda porque acredita-se que pode transformar corpo e mente.

Cientistas têm pesquisado a fisiologia da imersão em água fria. E parece que, de fato, ela pode ter uma gama surpreendente de benefícios.

É um campo de pesquisa empolgante com potencial para oferecer novos tratamentos para uma variedade de condições, desde pressão alta e diabetes tipo 2 até depressão e inflamação crônica.

É a sua praia?

Se for, pule de cabeça. Vamos mergulhar na ciência da água fria para descobrir por que ela melhora o seu humor e beneficia o cérebro, o sistema imunológico e o coração.

A natação de inverno é uma tradição em vários países europeus, como a Suécia, onde esta menina está prestes a entrar em um lago

A água fria estressa o corpo

O corpo humano tem uma resposta ao estresse que entra automaticamente em ação quando está sob ameaça. O objetivo? A sobrevivência.

É uma resposta limpa e eficiente – tudo entra em ação ao mesmo tempo, afetando todo o corpo, do cérebro aos dedos dos pés.

Isso acontece nas imersões em água fria porque o corpo a considera uma grande ameaça, ativando a resposta primária ao estresse.

A reação faz você hiperventilar, sua frequência cardíaca disparar e você se encher de adrenalina.

Seus vasos sanguíneos começam a fazer todos os tipos de truques para mudar de forma, desde encolher rápida e drasticamente em questão de segundos em algumas partes do corpo, até dobrar de tamanho em outras.

É toda uma orquestra de respostas que prepara seu corpo para sobreviver.

Mas não fomos ensinados que o estresse é uma coisa ruim?

Então, por que desejar que nosso corpo entre nesse estado de sobrevivência, quando poderia estar desfrutando dos agradáveis ​​efeitos relaxantes de uma xícara de chá e uma manhã tranquila?

Embora o estresse crônico certamente não seja bom, há evidências de que uma pequena explosão de estresse, na dose certa, pode ser benéfica.

É preciso acostumar o corpo a temperaturas frias, assim como evoluímos na corrida, com um pouco de exercício por dia

Só um pouquinho

Nos últimos anos, muitas pesquisas mostraram que um curto período de estresse pode ser uma coisa boa.

Isso se aplica a uma ampla gama de situações que os cientistas analisaram, desde falar em público até tentar fazer contas de matemática na cabeça sob pressão.

Como a água fria é uma das maneiras mais eficazes de criar estresse de curto prazo em todo o corpo, a resposta a ela desencadeia benefícios.

No momento, os cientistas estão analisando como a água fria pode afetar tudo, desde a resposta imunológica e hormônios do estresse a depósitos de gordura que obstruem as artérias.

É uma área de pesquisa relativamente nova, mas até agora os resultados têm sido promissores.

Quanto tempo você tem que aguentar?

Há evidências crescentes de que os nadadores “de inverno” são mais resistentes a certas doenças e infecções, como as do trato respiratório superior. Indícios mostram que eles têm essas doenças com menos frequência e de forma mais branda.

Tomar banho sem deixar o vidro embaçar pode ser melhor para o coração

E os cientistas acham que pode ser a água fria, não a natação, que traz o benefício.

Um estudo controlado randomizado realizado na Holanda durante os meses de inverno mostrou que voluntários que foram solicitados a tomar banhos frios de 30 segundos todas as manhãs por 60 dias adoeceram 30% menos dias do que o grupo de controle, que tomava banho quentinho.

Nesse tipo de estudo, participantes são selecionados para diferentes grupos de forma aleatória e têm variáveis controladas para avaliar os efeitos de uma intervenção – neste caso, a de tomar banhos frios.

Na Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, Mike Tipton, professor de Fisiologia Humana e Aplicada no Laboratório de Meio Ambientes Extremos, tem investigado exatamente o que acontece com o corpo quando submerso em água fria.

“O trabalho que fizemos indica que as pessoas que tomam banho em água fria melhoraram a função imunológica, e que a melhora não se limita a quem nada ao ar livre.”

“Além disso, as medidas dos marcadores da função imunológica parecem indicar que o benefício surge de um mergulho mais curto do que longo.”

Boas notícias para quem não gosta da experiência.

“Tudo indica que os efeitos benéficos podem ser decorrentes do resfriamento da pele, mas se a pessoa ficar o tempo suficiente para que os tecidos mais profundos esfriem, o mergulho pode levar à hipotermia, que é prejudicial”, alerta o especialista.

Especialista recomenda de um a dois minutos de imersão em água fria

Se você é daqueles que sofrem a cada segundo que fica na água fria, vamos esclarecer: quando Tipton fala de um período curto, ele se refere a 120 segundos.

“Claro, varia dependendo da pessoa, mas o conselho geral que damos ao tentar proteger as pessoas durante o mergulho na água fria é ficar parado por um minuto a 90 segundos até que possam controlar sua respiração.”

Para levantar o clima

Após os mergulhos em água fria, houve relatos de níveis aumentados de dopamina, serotonina e b-endorfina, consistentes com o “euforia pós-nado” relatado por muitos entusiastas de água fria.

Também houve estudos de caso em que nadar em água fria demonstrou ajudar a reduzir o uso de antidepressivos.

E uma área de pesquisa particularmente interessante é observar como habituar-se ao frio diminui as respostas inflamatórias ao longo do tempo.

Isso é fundamental porque “a inflamação é algo que se acredita ser a base de muitas de nossas condições modernas, como depressão, Alzheimer, diabetes tipo 2, etc., etc“, diz Tipton.

Quanto tempo duram os efeitos?

Em termos de pesquisa neste campo, ainda há um caminho a percorrer. A ciência ainda está engatinhando. Há alguns estudos e muitos relatos anedóticos.

“É uma perspectiva muito empolgante, já que estudamos os efeitos prejudiciais do frio por anos, mas do outro lado dessa faca de dois gumes estão os benefícios em potencial.”

Tipton adverte que é preciso certificar-se de minimizar o primeiro e maximizar o segundo.

“Lembre-se que somos animais tropicais que querem viver em temperaturas de 28º, então água com temperaturas de 9 ou 10º é particularmente estressante.”

Se quiser experimentar, tem que ir passo a passo… ou melhor, gota a gota.

É mais ou menos como você decide começar a correr: você não pula os quilômetros imediatamente. Primeiro você se aquece e vai aos poucos, de forma controlada e gradativa.

Com certeza, ninguém recomendaria que você mergulhasse em um rio congelado, a menos que você se adaptasse adequadamente, mas um rápido jato de água fria por 30 a 40 segundos no final de um banho matinal é administrável.

Fonte: BBC Brasil

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