Ao continuarmos a lidar com as repercussões da pandemia global do COVID-19, nosso trabalho – e a forma como o percebemos – tem sido grandemente afetado. Muitos entre nós descobriram as alegrias e os desafios de trabalhar em casa. Alguns viram a descrição de seu trabalho drasticamente modificada, enquanto outros ainda perderam seus empregos ou foram dispensados temporariamente devido à desaceleração da economia.
Todos esses fatores fizeram com que muitos de nós reavaliássemos nossas atitudes e percepções do trabalho: o que ele significa, por que o fazemos, e o que esperamos dele. Será que o trabalho é – como alguns o descrevem – meramente “um mal necessário” que deveria ser evitado, se possível? Será que se trata apenas de “ganhar o sustento” – gerar recursos para pagar as contas, satisfazer necessidades e sustentar o estilo de vida desejado? Ou será que há mais coisas além destas? Será que o trabalho possui um valor intrínseco que pode nos ajudar a encontrar significado, valor e propósito?
Uma pessoa esperta fez esta avaliação: “Eu amo o trabalho. Posso me sentar e observar as pessoas trabalhando o dia todo.” Esta afirmação reflete seu sentimento, ou seja, o trabalho é bom, desde que seja outra pessoa a despender o esforço?
David McKay, presidente e CEO do RBC, maior banco do Canadá, apresentou uma perspectiva muito mais categórica sobre trabalho: “Vamos reconhecer que o privilégio de trabalhar é um dom, que o poder trabalhar é uma benção, e que o amor ao trabalho é sucesso.” Nesta breve afirmação, ele conecta trabalho a vários conceitos intrigantes: é um privilégio, é um dom, uma benção e sucesso – se você ama o que faz. Cada um desses conceitos merece consideração e elaboração.
Acredite ou não, houve um tempo em que o trabalho não era algo enfadonho, quando ele não era repleto de frustração. De acordo com o livro de Gênesis, no Antigo Testamento da Bíblia, quando Deus criou as primeiras pessoas – Adão e Eva – o seu “ambiente de trabalho”, o Éden, era um lugar maravilhoso e idílico. “Deus os abençoou, e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra… Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês.” (Gênesis 1:28-29).
Aquele era um arranjo perfeito, mas Adão e Eva bagunçaram tudo. Eles desafiaram a ordenação de Deus para não comer o fruto “da árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:17). As consequências de seu ato de rebelião são sentidas até hoje: “…maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida…Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão…” (Gênesis 3:17-19).
Portanto, ao irmos para o trabalho, seja em um escritório tradicional, viajando por aeroportos ou numa estação de trabalho em nossa casa, e as coisas não estiverem indo bem, podemos agradecer a Adão e Eva. Foram eles que começaram tudo! Mas será que isso significa que devemos iniciar cada dia de trabalho esperneando e berrando, resmungando por que o trabalho é difícil? Nós podemos adotar essa abordagem. Ou, como McKay disse, podemos escolher encarar como um privilégio, um dom e uma benção. E então, arregaçar as mangas e empenhar o esforço necessário.
O consultor de negócios Tim Knight observou: “Médicos não tornam você saudável. Nutricionistas não fazem você ficar esbelto. Professores não o tornam inteligente. Treinadores, não deixam você em forma. Eles ajudam, mas você deve assumir a responsabilidade e fazer o trabalho necessário.” Quando fazemos isso podemos apreciar os frutos do nosso labor e sentir a satisfação de um trabalho bem feito.
Próxima semana tem mais!
Robert J. Tamasy, é jornalista, editor e escritor, e autor de “Business at Its Best: Timeless Wisdom from Proverbs for Today’s Workplace” e “Tufting Legacies” (ainda não traduzidos para o português). Em co-autoria com David A. Stoddard escreveu “The heart of Mentoring” e tem editado numerosos outros livros, incluindo “Advancing Through Adversity”, por Mike Landry. Tamasy mantém um site www.bobtamasy-readywriterink.com e um blog atualizados semanalmente www.bobtamasy.blogspot.com. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
MANÁ DA SEGUNDA® é uma reflexão semanal do CBMC – Conectando Business e Mercado a Cristo, organização mundial, sem fins lucrativos e vínculo religioso, fundada em 1930, com o propósito de compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com a comunidade profissional e empresarial. © 2021 – DIREITOS RESERVADOS PARA CBMC BRASIL – E-mail: adm.mana@cbmc.org.br -Desejável distribuição gratuita na íntegra. Reprodução requer prévia autorização. Disponível também em alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e japonês.
Questões Para Reflexão ou Discussão
1. Antes de ler esse “Maná” qual era sua atitude em relação ao seu trabalho?
2. Qual a importância da perspectiva de uma pessoa em relação ao trabalho que faz, já que ele consome um percentual considerável do seu tempo todas as semanas? Nossa perspectiva realmente importa? Por quê?
3. McKay fala sobre o trabalho ser um privilégio, um dom e uma benção. Como você reage ouvindo essas palavras serem associadas aos desafios e frustrações cotidianos que todos experimentamos no ambiente de trabalho?
4. Se você fosse mudar uma coisa em relação à sua percepção de trabalho – de modo geral ou especificamente em sua situação atual – o que seria? Explique sua resposta.
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Gênesis 1:27-31; Provérbios 10:5; 12:24; 22:29; Eclesiastes 1:1-2, 9-11; 2:4-11, 24-26; 5:18.
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