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2 anos atrásem
Quando o corpo luta contra uma infecção, surge a febre.
Se você tiver artrite, as suas juntas irão doer. Se uma abelha picar a sua mão, ela irá inchar e ficar rígida. Todas estas são manifestações de inflamações que ocorrem no corpo.
Somos dois imunologistas e estudamos como o sistema imunológico reage durante as infecções, a vacinação e as doenças autoimunes, que fazem o corpo começar a atacar a si próprio.
As inflamações costumam ser associadas à dor de uma lesão ou às muitas doenças que ela pode causar, mas elas são parte importante da reação imunológica normal. Os problemas surgem quando essa função que normalmente é útil reage de forma excessiva ou por tempo demais.
De forma geral, o termo “inflamação” designa todas as atividades do sistema imunológico que ocorrem quando o corpo está tentando combater infecções reais ou potenciais, eliminar moléculas tóxicas ou recuperar-se de lesões físicas.
Existem cinco sinais físicos clássicos da inflamação aguda: calor, dor, vermelhidão, inchaço e perda da função. Inflamações fracas podem nem mesmo produzir sintomas perceptíveis, mas o processo celular subjacente é o mesmo.
Vejamos o caso de uma picada de abelha, por exemplo. O sistema imunológico age como uma brigada militar com uma ampla variedade de armas no seu arsenal.
Depois de detectar as toxinas, as bactérias e a lesão física causada pela picada, o sistema imunológico envia diversos tipos de células imunológicas para o local atacado pela abelha. Estas incluem as células T, células B, macrófagos e neutrófilos, entre outras.
As células B produzem antibióticos. Esses anticorpos podem matar as bactérias da ferida e neutralizar as toxinas da picada. Já os macrófagos e neutrófilos envolvem as bactérias e as destroem. E as células T não produzem anticorpos, mas matarão células infectadas por vírus para evitar a difusão viral.
Além disso, essas células imunológicas produzem centenas de tipos de moléculas denominadas citocinas (também conhecidas como mediadores), que ajudam a combater ameaças e reparar danos do corpo. Mas, como em um ataque militar, as inflamações trazem efeitos colaterais.
Os mediadores que ajudam a matar as bactérias também matam células saudáveis. Outras moléculas mediadoras similares causam vazamento dos vasos sanguíneos, gerando acúmulo de fluidos e o fluxo de mais células imunológicas.
Esses danos colaterais são o motivo do desenvolvimento de inchaços, vermelhidão e dores em volta de uma picada de abelha ou de uma injeção.
Quando o sistema imunológico elimina uma infecção ou invasor externo (seja a toxina em uma picada de abelha ou uma substância do ambiente), diferentes partes da reação inflamatória assumem e ajudam a reparar o tecido lesionado.
Depois de alguns dias, o corpo irá neutralizar o veneno da picada, eliminar eventuais bactérias invasoras e curar qualquer tecido tenha sido afetado.
A inflamação é uma faca de dois gumes. Ela é fundamental para combater infecções e reparar tecidos lesionados. Mas, quando a inflamação ocorre pelos motivos errados ou se torna crônica, o dano causado pode ser perigoso.
As alergias, por exemplo, desenvolvem-se quando, por erro, o sistema imunológico reconhece substâncias inócuas — como pólen ou amendoins — como se fossem perigosas. O dano pode ser pequeno, como coceira na pele, ou perigoso, se a garganta se fechar.
Inflamações crônicas lesionam os tecidos ao longo do tempo e podem gerar diversos distúrbios clínicos não infecciosos, incluindo doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, obesidade, diabetes e alguns tipos de câncer.
O sistema imunológico, às vezes, pode considerar que os próprios órgãos e tecidos do indivíduo são invasores, gerando inflamações em todo o corpo ou em regiões específicas. Essa inflamação autodirecionada é o que causa os sintomas de doenças autoimunes, como lúpus e artrite.
Outra causa de inflamação crônica que pesquisadores estudam atualmente são as falhas dos mecanismos que combatem as inflamações depois que o corpo limpa a infecção.
Embora a inflamação ocorra principalmente em nível celular no corpo, ela está longe de ser um mecanismo simples que acontece isoladamente. Já se demonstrou que o estresse, a alimentação e a nutrição, além de fatores genéticos e ambientais, regulam as inflamações de alguma forma.
Ainda há muito a ser aprendido sobre o que causa formas prejudiciais de inflamação, mas ter alimentação saudável e evitar o estresse podem ser de grande ajuda para manter o delicado equilíbrio entre uma reação imunológica forte e inflamações crônicas prejudiciais.
Fonte: BBC Brasil
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