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Emoções

‘Sem Volta para Casa’: novo filme da saga do Homem-Aranha faz aceno ao passado da série

Nicole Rizzutti Lemos

Publicado

em

Tempo de Leitura: 4 minutos

Aqui vai um quiz de começo de ano: quantos filmes do Homem-Aranha foram feitos nos últimos 20 anos?

Segundo as minhas contas, foram três dirigidos por Sam Raimi e protagonizados por Tobey Maguire, dois pelo cineasta Marc Webb e estrelados por Andrew Garfield, uma animação (Homem-Aranha no Aranhaverso), e dois filmes recentes pelas mãos do cineasta Jon Watts e com Tom Holland no papel principal.

Isso faz com que esta terceira produção da dupla Watts-Holland, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, seja a nona oportunidade que temos de ver Peter Parker com seu traje azul e vermelho — isso sem incluir as aparições em Os Vingadores e Capitão América.

É certo que isso parece mais do que suficiente. Mas a magia de Sem Volta para Casa é utilizar todos os filmes anteriores do Homem-Aranha como parte de sua trama.

Sim, as referências às oito produções an

Inclusive elas melhoram as histórias anteriores de uma maneira retroativa, agregando novas facetas aos personagens que aparentemente já tinham saído da série. Assim Sem Volta para Casa permite uma despedida transcendental para essas figuras.

Os céticos dos filmes de super-herói provavelmente não se converterão ao culto.

Mas se você tem algum amor pelo gênero, então essa nova parte da saga aracnídea colocará um sorriso em seu rosto por duas horas. Pode ser que caiam algumas lágrimas dos seus olhos.

Retorno de um jeito inesperado

Tudo começa com o Homem-Aranha sendo desmascarado.

Na era da dupla Raimi-Maguire, J. Jonah Jameson — interpretado pelo magnificamente turrão J.K. Simmons — era o editor de um jornal de cidade grande.

teriores dependem de uma leal nostalgia dos fãs do personagem, mas também enriquecem o novo filme, aumentando sua profundidade emocional e seu alcance.

Em uma atualização esperta e satírica, J.J. Jameson retorna como apresentador de um site de notícias baseado em teorias conspiratórias. E continua odiando o simpático Homem-Aranha.

Quando ele anuncia ao mundo que o Aranha é realmente Peter Parker, a repercussão acaba impedindo que Peter, a namorada M.J. (Zendaya) e o amigo Ned Leeds (Jacob Batalon) sejam aceitos pela universidade que escolheram.

Em uma ação talvez exagerada, Peter pede ao mago residente da Marvel, Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), que jogue um feitiço que apagará o vazamento da identidade da memória de todos nesse universo.

Qualquer um que tenha visto os trailers do filme ou as entrevistas publicitárias saberá que entre essas figuras estão desde o enlouquecido Duende Verde (Willem Dafoe), do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi, ao altivo Doutor Octopus (Alfred Molina), mais Electro (Jamie Foxx), de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Vingança de Electro.

A eles vão se juntar outros personagens, mas não vou estragar a diversão dizendo quem são.

O que eu revelarei é a reviravolta mais inspirada do filme.

O Doutor Estranho quer devolver esses intrusos às realidade alternativas a que eles pertencem, mas Peter se dá conta de que, nessas realidades, os supervilões serão assassinados em lutas com o Homem-Aranha.

Em vez de enviá-los à morte em outra dimensão, o Homem-Aranha tenta recuperá-los. Sua missão, como ele diz, não é “chutar traseiros” e sim, “salvar traseiros”.

Não ao apocalipse

Obviamente é uma ideia temerária e potencialmente desastrosa, mas dá um frescor aos esquemas de destruição em massa da maioria dos filmes de super-heróis.

Em sua nobre ingenuidade, o plano de Peter devolve a história do Homem-Aranha ao tema que definiu os quadrinhos originais: as dolorosas consequências e as grandes responsabilidades que vêm com os grandes poderes.

Se os dois últimos filmes do duo Watts-Holland se apoiaram demasiadamente nas relações de Peter com machos-alfa como Tony Stark e Nick Fury, a parte atual relembra que ele é, em essência, um rapaz de Nova York desalinhado e estressado que está tratando de resolver as coisas por sua própria conta.

Tom Holland e Zendaya fazem o par romântico do filme

É justo dizer que Homem-Aranha no Aranhaverso tratou o conceito de universos alternativos de maneira ainda mais brilhante em 2018.

Também é correto dizer que a parte mais emocionante de Sem Volta para Casa é o retorno de personagens que estavam em outros filmes — dessa forma fica aquém da trilogia seminal da dupla Raimi-Maguire.

Mas não se pode negar a emoção de ver juntos os melhores atores e os personagens mais icônicos da série.

Os verdadeiros superpoderes

Os realizadores também têm o cuidado de não exagerar nos acenos ao pós-modernismo. Entre sua química cômica e seus trágicos defeitos, há algo muito humano nesses super-humanos.

As sequências de ação de Sem Volta para Casa são rápidas e frenéticas, mas sempre coerentes, e os efeitos digitais que torcem e distorcem a cidade são espetaculares.

Mas os verdadeiros superpoderes do filme são as interpretações cativantes e o roteiro escrito por Chris McKenna e Erik Sommers, que entrelaça a história de angústia adolescente e calamidade cósmica com lógica e agilidade, qualidades que fazem os melhores quadrinhos de herói tão interessantes.

Além disso, em Sem Volta para Casa não se trata apenas de olhar para o passado da série. Também são abertos novos caminhos para o universo Marvel — ou o Multiverso Marvel para ser mais preciso.

Os blockbusters de 2021 da Marvel não estouraram a boca do balão.

Viúva NegraShang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e Os Eternos foram promissores no papel mas decepcionaram na bilheteria.

Essa sequência me deixou com a sensação de que a Marvel tinha perdido o fôlego, ao menos em suas aventuras cinematográficas.

Mas Sem Volta para Casa me deixou ansioso para ver aonde poderiam seguir depois o Homem-Aranha e o Doutor Estranho.

Fonte: BBC Brasil

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